Friday, November 06, 2009

porque, ontem, já foi tarde...

[05.novembro.2009]


e pensava ela, enquanto voltava no metrô: Por quê? POR QUÊ? A vida termina assim, essa suspensão mais que palpável, informe, imaterial, a planar por sobre toda a Vida, a existência, desde todos os séculos, desde tempos imemoriais, e por sobre todos os outros que virão também, imemoriais... Todos os dias, convivemos com essa possibilidade, que está sobre o nosso corpo como um invólucro.
ONDE SE ENCONTRA VIDA PARA COMPRAR? Onde posso encontrar essa substância?! Que se possa morrer, que sim! Mas, que se fique morto por um tempo, até dar o espaço de alguém ir lá (no lugar onde se adquire), e voltar com a Vida de novo; e, então, quem estava morto, novamente se vive. Qual o sentido de se morrer assim, jovem - ou velho! -, não faz sentido! Tem de se ter Vida em algum lugar, pra quando for do tempo de se morrer, ter Vida de reserva pra se viver novamente.
Que absurdo.




e um desejo insuportável de não estar ali. um desejo de Não. Não!, mesmo. desejo-contra-o-desejar.(...)a lua. só ela conseguiria abreviar aqueles intermináveis longos-curtos minutos......um pólen de lua, triturando aqueles olhos, os olhares, os intentos, tornando-os em pó. Só assim, para se si-respirar, acalmada, intemperada. temperada de pólen da lua. amarela. olho rasgado no céu. como pensava: minha lua. convencia-se dessa posse, dessa sustentação universal espacial. sem dedos, ou mãos. CORPO. A lua num corpo. Que nem sequer a tocava. simplesmente, a via, e isso bastava; a lua derramava-se como água sobre ela, sem que a tocasse...



música: na versão de Mônica Salmaso, "Onde Ir".

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